O treino de força é mais do que crescer o bíceps ou ganhar aquele visual "tonificado". Ele tem um papel fundamental na sua saúde e bem-estar geral e ajuda a reduzir o risco de lesões e quedas.
Seja o treino com pesos, elásticos de resistência ou peso corporal, se você ainda não incluiu o treino de força na sua rotina, vamos te dar 13 motivos para você começar agora mesmo.
O que é treino de força ou resistência?
O treino de força, também chamado de treino com pesos ou de resistência, é qualquer exercício em que seu corpo se mova contra uma resistência, como elásticos de resistência, pesos livres, máquinas de treino ou até seu próprio peso corporal.
Ele é um dos tipos de exercício mais populares e pode te ajudar a ganhar músculo, queimar gordura e melhorar a resistência.
Ao contrário da crença popular, você não precisa ser super forte para fazer um treino de resistência eficaz, mas logo vai perceber melhorias na força se treinar com consistência.
Com que frequência devo treinar na semana?
Recomenda-se fazer exercícios de força visando todos os principais grupos musculares duas vezes por semana.1 A prática regular do treino de resistência reduz os riscos de muitas doenças crônicas e melhora a qualidade de vida como um todo.
De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM), você deve:
- Usar pesos livres, máquinas e elásticos de resistência
- Fazer de 8 a 10 exercícios multiarticulares em todas as sessões de treino da semana para trabalhar os principais grupos musculares
- Fazer de 2 a 3 séries com 8-12 repetições por exercício
- Levantar e abaixar os pesos de forma controlada, levando 2 segundos para levantá-los e 2 segundos para abaixá-los
- Você deve sentir certa dificuldade para completar a última repetição
- Realizar exercícios de força de 2 a 3 vezes na semana
- Aumentar o peso ao longo do tempo2

Os benefícios do treino de força segundo a ciência
Listamos 13 dos melhores (e cientificamente comprovados) motivos pelos quais o treino de força é bom para você e deve ser parte da sua rotina.
1. Ganho de força
O treino de resistência desenvolve força ao melhorar a resistência e aumentar a massa muscular, deixando as atividades do dia a dia mais fáceis e melhorando seu desempenho atlético geral.
Ao aumentar a resistência progressivamente ao longo do tempo, seus músculos se adaptam e crescem, levando a maior força e potência.
2. Maior queima calórica
Seu objetivo é perder peso? O treino de força pode ajudar a acelerar o seu metabolismo. Por exemplo, ele aumenta a sua taxa metabólica em repouso em até 7%,3 então seu corpo continua queimando calorias mesmo depois do treino.
Além disso, quanto mais massa muscular você tiver, mais energia é necessária para mantê-la. Isso aumenta seu gasto energético, ajudando na perda de peso.
3. Menos gordura abdominal
Pesquisas indicam que os treinos de resistência são especialmente eficazes para reduzir a gordura visceral (tipo de gordura prejudicial que se acumula ao redor dos órgãos), a percentagem de gordura corporal e a massa de gordura corporal.4
A gordura visceral aumenta o risco de:
- Resistência à insulina e diabetes tipo 2
- Doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer5
Use o treino de força para reduzir a gordura visceral ao redor dos seus órgãos, especialmente do estômago. Isso pode beneficiar sua saúde como um todo e reduzir o risco de doenças metabólicas crônicas.

4. Um visual mais atlético e magro
Aumentar a definição muscular e reduzir a gordura com os treinos de força nos deixam com um visual mais tonificado e atlético.
Ao contrário dos exercícios cardiovasculares que, em alguns casos, podem levar à perda de massa muscular, os treinos de resistência conservam a musculatura enquanto queimam a gordura. O resultado é um corpo mais forte e definido.
5. Mais mobilidade e flexibilidade
O treino de força pode aumentar a flexibilidade ao melhorar o controle muscular e a estabilidade articular. Pesquisas mostram que o treino de força pode ser tão eficiente quanto o alongamento para melhorar a amplitude de movimento.6
6. Fortalecimento ósseo
Exercícios de sustentação de peso e treino de força são considerados eficazes para prevenir ossos frágeis e osteoporose.7
Estudos com mulheres na pós-menopausa descobriram que o treino com pesos melhora a densidade mineral óssea (DMO), além de aumentar a DMO na coluna e quadris de mulheres diagnosticadas com osteopenia e osteoporose.8
O exercício de sustentação de peso é importante porque ele estressa temporariamente seus ossos, estimula a formação óssea e retarda a perda óssea. Isso inevitavelmente reduz o risco de fraturas e de enfraquecimento ósseo.

7. Redução do risco de lesões
Um corpo mais forte é um corpo mais resiliente. Pesquisas sugerem que o treino de força reduz o risco de lesões ao melhorar a amplitude de movimento das articulações e aumentar a mobilidade.9
O treino de força também melhora o equilíbrio e a resistência. Isso é importante para prevenir lesões por queda, sobrecarga e outras atividades desgastantes.
8. Melhora da saúde cardíaca
Além de melhorar ou manter a massa muscular e a força, o treino de resistência também traz benefícios para a saúde do coração.
Pesquisas mostram que adultos que fazem treino de resistência regularmente têm um risco 17% menor de desenvolver doenças cardiovasculares em comparação com aqueles que não fazem exercícios de resistência.
Para ter o máximo de benefício para o seu coração, você só precisa de 30 a 60 minutos por semana de treino de resistência.10
9. Manutenção dos níveis de açúcar no sangue
O treino de força melhora a sensibilidade à insulina, estimulando seus músculos a absorver glicose da corrente sanguínea de forma mais eficiente, principalmente se você tem diabetes tipo 2.11
Uma meta-análise realizada em 2022 confirmou que o treino regular de resistência pode reduzir os níveis de HbA1c (hemoglobina glicada) em pessoas com diabetes tipo 2.12 Outras pesquisas sugerem que fazer de 60 a 150 minutos de exercício de fortalecimento muscular por semana reduz em 30% o risco geral de desenvolver diabetes tipo 2.13

10. Melhora da saúde mental
O treino de força pode melhorar a autoestima e a força física, que têm um papel importantíssimo na saúde mental e bem-estar geral.
Em adultos, também há evidências de que o treino regular de resistência está relacionado a:
- menores taxas de ansiedade
- redução nos níveis de dor
- melhora da cognição
- redução nas taxas de depressão
- sono de melhor qualidade e menores taxas de fadiga14
11. Melhora do humor
Quando você se exercita (o que inclui o treino de força), seu corpo libera neurotransmissores como dopamina e serotonina, que regulam seu humor e diminuem o estresse.15
Juntos, esses neurotransmissores podem ajudar a combater estados de humor depressivos, aumentar os níveis de energia e melhorar o estado de alerta de forma semelhante à medicação.
Uma pesquisa publicada em 2014 descobriu que o treino de resistência de baixa a moderada intensidade (<70% com 1 repetição máxima) teve o melhor resultado para reduzir a ansiedade.16
12. Melhora da saúde cerebral
Além de fazer bem para o seu corpo, o treino de força faz bem para o seu cérebro. O exercício em geral reduz o risco de desenvolver doenças neurodegenerativas como Alzheimer em 20%,17 mas o treino de resistência também pode proteger as estruturas cerebrais afetadas por essas condições.18
O exercício de resistência em geral pode melhorar a função cognitiva, a função física e a força muscular em idosos com fragilidade cognitiva.19
13. Mais qualidade de vida
Conforme você fica mais forte, saudável e com maior mobilidade, sua qualidade de vida geral também melhora.20 O treino de força aumenta sua independência à medida que você envelhece, facilitando as tarefas do dia a dia e reduzindo seu risco de quedas.

Vamos recapitular
Seja você um atleta iniciante ou experiente, o treino de força beneficiará sua saúde física e mental.
É fácil se empolgar com o treino cardiovascular ou baseado em resistência. Afinal, quem não ama uma boa sessão de treino na zona 2? Mas não pule o treino de força. Bastam duas sessões na semana para você ficar mais forte, feliz e saudável enquanto melhora seu desempenho atlético como um todo.
Então, pegue seus pesos, elásticos de resistência ou peso corporal. Seu corpo (e a sua mente!) vão te agradecer por isso!
Fontes
[1] NHS. (2024). Physical activity guidelines for adults aged 19 to 64. Available here
[2] ACSM blog (2019) ACSM_CMS. Available here
[3] Westcott W. L. (2012). Resistance training is medicine: effects of strength training on health. Current sports medicine reports, 11(4), 209–216. Available here
[4] Wewege, M. A., Desai, I., Honey, C., Coorie, B., Jones, M. D., Clifford, B. K., Leake, H. B., & Hagstrom, A. D. (2022). The Effect of Resistance Training in Healthy Adults on Body Fat Percentage, Fat Mass and Visceral Fat: A Systematic Review and Meta-Analysis. Sports medicine (Auckland, N.Z.), 52(2), 287–300. Available here
[5] Aparecida Silveira, E., Vaseghi, G., de Carvalho Santos, A. S., Kliemann, N., Masoudkabir, F., Noll, M., Mohammadifard, N., Sarrafzadegan, N., & de Oliveira, C. (2020). Visceral Obesity and Its Shared Role in Cancer and Cardiovascular Disease: A Scoping Review of the Pathophysiology and Pharmacological Treatments. International journal of molecular sciences, 21(23), 9042. Available here
[6] Afonso, J., Ramirez-Campillo, R., Moscão, J., Rocha, T., Zacca, R., Martins, A., Milheiro, A. A., Ferreira, J., Sarmento, H., & Clemente, F. M. (2021). Strength Training versus Stretching for Improving Range of Motion: A Systematic Review and Meta-Analysis. Healthcare (Basel, Switzerland), 9(4), 427. Available here
[7] NHS. (2022). Prevention: Osteoporosis. Available here
[8] Zehnacker, C. H., & Bemis-Dougherty, A. (2007). Effect of weighted exercises on bone mineral density in post menopausal women. A systematic review. Journal of geriatric physical therapy (2001), 30(2), 79–88. Available here
[9] Faigenbaum, A. D., & Myer, G. D. (2010). Resistance training among young athletes: safety, efficacy and injury prevention effects. British journal of sports medicine, 44(1), 56–63. Available here
[10] Paluch, A.E. et al. (2024) ‘Resistance exercise training in individuals with and without cardiovascular disease: 2023 update: A scientific statement from the American Heart Association’, Circulation, 149(3). doi:10.1161/cir.0000000000001189.
[11] Syeda, U.S.A. et al. (2023) ‘The importance of exercise for glycemic control in type 2 diabetes’, American Journal of Medicine Open, 9, p. 100031. doi:10.1016/j.ajmo.2023.100031.
[12] Jansson, A.K. et al. (2022) ‘Effect of resistance training on hba1c in adults with type 2 diabetes mellitus and the moderating effect of changes in muscular strength: A systematic review and meta-analysis’, BMJ Open Diabetes Research & Care, 10(2). doi:10.1136/bmjdrc-2021-002595.
[13] Giovannucci, E.L., Rezende, L.F. and Lee, D.H. (2021) ‘Muscle‐strengthening activities and risk of cardiovascular disease, type 2 diabetes, cancer and mortality: A review of prospective cohort studies’, Journal of Internal Medicine, 290(4), pp. 789–805. doi:10.1111/joim.13344.
[14] O’Connor, P.J., Herring, M.P. and Caravalho, A. (2010) ‘Mental health benefits of strength training in adults’, American Journal of Lifestyle Medicine, 4(5), pp. 377–396. doi:10.1177/1559827610368771.
[15] Marques, A., Marconcin, P., Werneck, A. O., Ferrari, G., Gouveia, É. R., Kliegel, M., Peralta, M., & Ihle, A. (2021). Bidirectional Association between Physical Activity and Dopamine Across Adulthood-A Systematic Review. Brain sciences, 11(7), 829. Available here
[16] Strickland, J. C., & Smith, M. A. (2014). The anxiolytic effects of resistance exercise. Frontiers in psychology, 5, 753. Available here
[17] Alzheimer’s Society. (2024). Physical activity and the risk of dementia. Available here
[18] Nicola, L. et al. (2024) ‘Does resistance training in older adults lead to structural brain changes associated with a lower risk of alzheimer’s dementia? A narrative review’, Ageing Research Reviews, 98, p. 102356. doi:10.1016/j.arr.2024.102356.
[19] Yoon, D.H., Lee, J.-Y. and Song, W. (2018) ‘Effects of resistance exercise training on cognitive function and physical performance in cognitive frailty: A randomized controlled trial’, The Journal of nutrition, health and aging, 22(8), pp. 944–951. doi:10.1007/s12603-018-1090-9.
[20] Hart, P. D., & Buck, D. J. (2019). The effect of resistance training on health-related quality of life in older adults: Systematic review and meta-analysis. Health promotion perspectives, 9(1), 1–12. Available here